sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Sobre as trilhas da vida


Às vezes não se deve chorar pela perda... pois não é realmente uma perda. Resignação e resiliência é fundamental aquele que quer continuar são e justo.


Então, há um tempo escrevi um texto aqui no blog que falava sobre desistência (o nome do Post é Another Day, do dia 8 de julho de 2017), sobre o momento de perceber que algumas coisas realmente não são para acontecer, e ainda hoje eu acho que tomei decisões acertadas baseadas na racionalidade e no futuro que eu teria. Pois bem, novamente retomo esse assunto, mais uma vez para abordar a desistência, mas também para falar sobre a insistência.

Quem me conhece sabe o quanto eu sou apaixonada pela Língua Inglesa. Quando fiz o ENEM queria ter colocado o curso de Letras-Português/Inglês (porque mesmo amando o inglês, o português é paixão antiga – “Amo a Língua Portuguesa”, Clarice Lispector), porém, por medo de acabar não entrando, ou seja, duvidando da minha própria capacidade, coloquei Português habilitação simples. Desde quando entrei no curso comecei uma luta para incluir a habilitação em Língua Inglesa e, inclusive, passei por uma seleção desnecessária e abusiva que me deteriorou psicologicamente, nada deu certo. Então, como eu queria muito isso, eu decidi terminar logo o que estava fazendo para começar a estudar o Inglês através da nova habilitação de Fluxo Contínuo. Graduei-me (pela segunda vez). Enfim.

Logo pedi a entrada para iniciar meus novos estudos e já encontro uma barreira: choque de horário. Tive que ouvir (mas não calada) um professor me dizer que foi uma escolha minha trabalhar... Então, ele está lá por escolha própria também, né? Se pudesse não estaria numa praia em Ibiza? Hum... Está certo. Após cortar de forma bastante elegante e brusca o raciocínio dele, deixando bem claro que as minhas escolhas só diziam respeito a mim e que ele não teria motivo para pô-las em questão, percebi pela sua postura que, diante da minha petulante (e verdadeira) resposta, não conseguiria o que queria com ele.

De certa maneira, boa parte do que eu queria estudar no semestre passado deu certo, outras coisas não. Faz parte. O que posso dizer é que fiz amizades com pessoas incríveis, de alunos a professores, e que enquanto existem pessoas que vieram ao mundo parecendo Satanás reencarnado querendo transformar sua vida num perfeito inferno, também encontramos muitos que nos defendem e abraçam as nossas causas muitas vezes sem nem sequer perguntar o motivo.

O semestre terminou e outro período de matrícula começou, e novamente as mesmas dificuldades se apresentaram, talvez de forma mais severa que antes. Fui barrada em uma das disciplinas que pedi e as outras duas não tive nem a chance de tentar fazer. O estudo de uma segunda língua que era, no meu cronograma, para ser concluído em 2 anos estendeu-se a 4. E eu definitivamente “não estou disposta!”, nem sou obrigada.

Eu estudo há muito tempo Clarice Lispector e Jane Austen, autoras maravilhosas da literatura dos séculos XX e XIX, respectivamente, e nunca precisei de ninguém que me dissesse o que fazer. As aulas são um direcionamento mais elaborado, um norte, mas quem faz a faculdade/universidade é o aluno. Descobri que em muitas instituições eu posso lecionar inglês sem ter diploma, apenas com o conhecimento que eu já tenho, conhecimento esse de quem já pesquisa a língua há 13 anos. Posso não saber de tudo, mas alguma coisa, com certeza, eu devo saber, né?

Após tantas lutas e “murros em ponta de faca”, eu desisto, oficialmente, deste curso. Eu não preciso disso. O meu objetivo é aprender sempre mais e mais e não ficar me sentido perseguida e/ou atormentada dentro de uma instituição que muitas vezes não preza pelos seus bons alunos e professores. Parece que aqueles que possuem um pouco mais de conhecimento acerca dos seus direitos é tratado como um pedante. Se assim é, então sou pedante. Sou pedante por não permitir que este sistema Federal falido me engula com desculpas esfarrapadas. Sou arrogante, sim, por não permitir que um professor/coordenador ou quem quer que seja fale comigo como se eu fosse uma das suas pessoas de intimidade. Não permito. E não questiono as razões do professor quando ele falta sem avisar e deixa o aluno lá plantado esperando, podendo estar fazendo outra coisa. Então, não admito que ninguém venha levantar questionamentos sobre as escolhas que eu faço na minha vida, ninguém. Sou uma aluna, pessoa, mulher, professora responsável e extremamente perfeccionista a ponto de ficar doente por me cobrar demais. Se eu não fiz ou cheguei atrasada ou saí mais cedo existe uma razão séria, essa razão só não é da conta de ninguém, nem por isso ela deixa de existir.

Então, visto a problemática tão estrondosamente (desnecessária e) cansativa, desisto de insistir nos meus estudos oficiais proporcionados pela Universidade a qual é sustentada pelos impostos que eu mesma pago. Os alunos precisam brigar para fazer determinadas disciplinas e eu entendo que quando já está cheia, é necessário ponderar pensando-se no bem e na saúde mental e física do professor, mas a turma tendo vaga ou o professor abrindo uma vaga direcionada a você, o departamento interfere e indefere quebrando a expectativa do discente de querer estudar, e isso é cruel e desmotivador. Por esse mesmo motivo, pelo desestímulo, então declaro que fui vencida pelo cansaço e desisto mesmo. Eu não preciso estar matriculada para estudar, com a autorização do professor eu posso participar das aulas de qualquer maneira. A burocracia vence a formalidade, mas não a capacidade e o querer. E eu quero. Eu quero aprender.

Começo agora a refazer todo o meu “plano de vida” (pode rir, quem assistiu ao Pequeno Príncipe) com muita garra e determinação. Vou prosseguir, vou reavaliar as minhas opções, vou continuar estudando autores que eu amo e levando tudo da melhor forma possível, pois uma Professora Titular que teria todos os motivos do mundo para olhar para mim e dizer que eu não conseguiria, uma profissional que já está há 25 anos na Universidade me enxergou e me deu incentivo, me fazendo acreditar que eu poderia chegar aonde quisesse. Quem sou eu para duvidar de uma pessoa tão experiente e sábia? Só me resta acreditar que vai dar certo... E vai mesmo!

Então, a gente abandona algumas pratas pelo caminho, pertences valiosos, mas com o intuito de reservar mais espaço para uma conquista melhor: o Ouro.

Meu Projeto de Mestrado já está pronto. Se é para pensar alto, então vamos logo visitar outras galáxias. Eu não tenho medo de cair mesmo...


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