terça-feira, 30 de agosto de 2016

Não é(ra) um bem-querer qualquer...


                        
Há uns 15 anos, na época que o crush nem crush era, eu gostei de um garotinho da escola, da sala vizinha, e era tão legal isso! Éramos muito amigos, saíamos, conversávamos, tínhamos os mesmos amigos, era muito confortável e conveniente, e era claro o interesse dos dois. Enfim, eu não vou expor em detalhes os acontecimentos, mas essa história me fez prometer para mim mesma que eu jamais expressaria meus sentimentos novamente. E assim eu fiz... até hoje. Foi uma situação tão embaraçosa que eu guardei isso por tantos anos, e somente dois psicólogos souberam e tentaram trabalhar minha cabeça, eu me abri mais e acabei comentando com outras pessoas também.
Eu tenho meus defeitos, sou humana, e como sou; sou mais defeitos que inverdades. Em muitos momentos eu não enxergo nada de bom em mim. Eu só me torno uma pessoa melhor quando me disponho a ajudar os outros. Eu sinto raiva, inveja, ciúme, todas as coisas ruins, não num nível patológico, mas como um ser humano normal, sinto, sim. Tudo isso eu guardo para mim e peço a Deus que me modifique.
Como igualmente terrível, como os sentimentos já mencionados, assim, para mim, é o amor: Uma coisa muito ruim. Não consigo ser eu mesma, não consigo me desviar disso e acabo numa rede bem construída de mentiras e crueldade.
A minha capacidade de sentir está intacta. Eu sou capaz de amar e amar muito, e por muito tempo, suportar muita coisa, às vezes eu consigo demonstrar, deixar no ar, mas nunca, jamais serei capaz de falar. Pior ainda, além de nunca admitir, quando questionada, ainda nego, piamente, e convenço, seriamente.
Eu tenho dificuldade de lidar com sentimentos, de falar sobre sentimentos e, por isso, prefiro me manter distante e sair da zona de confronto entre as relações. Não sei lidar com isso e detesto discutir relação. Assumo. Essa sou eu e não posso deixar de ser quem sou.
Sinto muito por isso. Sinto muito por você e por mim. Sinto muito por tudo. O grande problema é exatamente isso... Sentir demais.
Hoje, conversando com dois amigos, vi que já é hora de realmente cair na real e me cuidar mesmo. Não adianta a gente sofrer e se abandonar por quem só nos dá valor da boca para fora. Dá boca pra fora todo mundo é o que quer... Doer vai sempre doer, mas pior que a dor de ter a certeza que “foi tempo perdido” e não somos mais tão jovens, não há.
É muito triste e dolorosa uma situação na qual não existe compreensão, tolerância e nem flexibilidade; ambas as partes estão feridas e desgastadas, uma há mais tempo (bem mais), outra há menos. A liberdade que se dá a uma pessoa é algo muito delicado, porque às vezes as pessoas te dão um direito e depois querem tomá-lo de volta. O fato de você ter liberdade não te dá o direito de humilhar, pisar, piorar feridas ainda abertas.
É doloroso saber que muitos dos que a gente deu valor, às vezes mais do que mereciam, não nos acham “decentes” suficiente, ou encontram, no meio de sua raiva potencializada e inflamada por outras palavras, um desperto descontrole e  desequilíbrio emocional. É difícil. Dói amar. Amar... dói. O bom disso tudo é que desamar pode ser um processo bem mais complicado, mas uma vez desamado, amado não mais será.
Amar é uma decisão, tomada com consciência e firmeza. Desamar também é uma decisão... tomada pela circunstância e pelo desespero de não mais sofrer.
Sei que muita gente me quer de volta, eu também me quero. Não estou feliz como estou hoje. Mas agir de forma a me pressionar e a me deixar pior não é bem o que eu chamaria de bem-querer.
Bem-querer é calar pra não magoar.
Bem-querer é abrir mão pra não perturbar.
Bem-querer é sofrer e silenciar.
Bem-querer é apagar quantas velas forem, ano após ano, guardando no mais profundo do seu coração uma dor e não deixar ninguém saber.
Bem-querer é cativar mesmo sabendo que não vai ter nada em troca.
Bem-querer é estar sempre lá.
Bem-querer é engolir dia após dia uma história que te mata por dentro a cada segundo e, ainda assim, segurar a onda quando te chamam de egoísta... o teu próprio bem-querer.
Bem-querer é ganhar a permissão pra falar o que quiser e falar mesmo, jogar tudo o que se sente e perceber que o outro não tem maturidade para lidar com o próprio pedido, e resguardar-se. E desculpar-se... Esse é o bem-querer.
É nunca ser indecente e ainda assim acatar essa exigência de outrem e calar e desculpar-se e morrer um pouco mais, e de novo... e ir além. Esse é o bem-querer.
Discutir, o bem-querer não discute, ele pede perdão e se ajoelha. Ele interpreta o que sabe e pensa que o outro não vai mesmo aguentar o que você tem a dizer... Ele pede perdão mesmo, e, ao mesmo tempo, tenta se perdoar por machucar tanto a si mesmo em prol de um bem que ele achava ser maior... até perceber que não é.
Um bem-querer não pode ser solitário. Ele precisa ser bem quisto também. E é difícil, olha, Deus, como é difícil ser querido nesse mundo de meu Deus. Como é difícil engolir todas as vezes que já se ajudou por trás, sem ninguém saber, como é difícil não jogar na cara (ou no ventilador) todas as palavras que você sabe que o bem-querer escolhido merece ouvir, e MERECE MESMO! Aquele bem-querer malvado e cruel que reclama dos teus pitís e não percebe que a própria reclamação já é um reflexo do que ele mesmo faz. Aquele bem-querer que não percebe o ciúme por trás da cobrança e prefere jogar pesado e põe na balança todo o grito horrorizado que chega aos ouvidos assustados de quem esperava somente uma única coisa: amor.
É, não é um bem-querer qualquer... É amor.
Era.
         
          ***

... E, bem-querer, tu vais saber, tu vais sentir... Ah, vais.

Pena que vai ser tarde demais pra ti.

*** 
Porque doeu ouvir de ti, mas isso vai passar no meu coração, um dia passa. Mas a boca que proferiu é a que mais se fere com as próprias palavras.



segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Sem rodeios

Sem rodeios hoje e digitando direto do celular, sem direito a reflexão, ou correções, desativei meu Facebook, mais uma vez, pois nem nas nossas próprias redes estamos seguros.

As pessoas nos dão liberdade pra agirmos como nós mesmos e depois nos cobram que sejamos alguém que não somos.

Eu me desprendi de mim... eu me perdi de mim e não sei mais como recolher os pedaços da minha vida. E eu sei que, por escolha própria, eu vou ter que fazer isso sozinha. 

Não consigo dormir, mesmo depois de inúmeras tentativas. Vendo o mesmo filme idiota pela enésima vez. Previsível, always, previsível.

Pela primeira posso dizer que nada do que eu escrever hoje vai acalentar meu coração, melhorar minha dor de cabeça ou me fazer parar de chorar. É uma noite perdida... E eu mereci mesmo ouvir cada palavra. Eu mereci tudo.

Eu mereci.



quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Enganado coração...



Então, é melhor eu me manter aqui. Eu sei que é difícil estar aqui, mas pior mesmo é estar aí sozinha.
Eu sinto latejar no peito a força da ausência. Ausência essa propositalmente causada para o bem... de alguém.
Não saber lidar é normal, não tentar conseguir é idiotice.

***

Pois,

É um querer que não quer ser querido.
“É um contentamento descontente”.
São incoerências de corações partidos...
Incondizentes com o que a cabeça sente.
Não sou dessas de ir e voltar, mas me volto sempre a olhar para trás, e percebo a chama do amor congelado nos olhos que não enxergo mais...
Serão lágrimas mesmo as que vejo? Ou serão mentiras mal elaboradas de um desejo de não perder aquilo que não se assume ter?
Um querimento irremediavelmente incontestável quando as palavras são contrárias aos movimentos.
Confunde e difunde o impenetrável. O sentimento que não permite abalos.
O controle de si e do outro, daquele que bate por um ou por poucos.
Ah, coração cego... Vaga, vaga pela multidão atrás de um olhar secreto disperso na escuridão...
Ah, coração dolorido... Reza pelo sofrimento, torce, já arrependido, para o amor que diz que sente sofrer, para, assim, deixar de ser sentido, sem necessidade, portanto, de ser assumido ao objeto do seu bem-querer.

Mentes, sabido, mentes para ti mesmo. Enganas-te no padecer e, quando tiveres percebido, foi-se embora, comprometido, o teu terno amanhecer.
Perdeste. De qualquer jeito. Perdeste.
E aqueles que te gostam e perceberam tuas lástimas os olhos te abriram...


Mas não quisestes ver..., então, se preferes sofrer com teu coração fora do peito, deixa-me ir em busca de um outro peito onde eu possa, finalmente, repousar...



quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Necessidades da cabeça



                                                   Imagem: Beco do Poeta (Facebook)


Não vou me alongar muito, pois estou cansada e amanhã acordo às 4h. Só queria finalizar o pensamento de hoje. 

Três palavras que não saem da minha cabeça há alguns dias:

- Egoísmo: Amor exagerado aos próprios interesses a despeito de outrem;

- Indiferença: Incapacidade de se sensibilizar;

- Mágoa: Sensação dolorosa causada por uma decepção.

Não sabia o que era isso até pouco tempo, mas a palavra “egoísta” gerou a mágoa que culminará em indiferença. Incrível como três palavras tão diferentes podem se completar tão perfeitamente.

Agora eu sou egoísta. Aprendi o que era isso rápido demais. Hoje eu só penso realmente no meu bem e vou fazer o que estiver ao meu alcance para bloquear qualquer tentativa de qualquer pessoa de me machucar ainda mais. O importante é que doa e doa bem muito, porque a gente só sabe que passou quando parou de doer. Dói, dói, dói e um dia passa. E vai passar, eu sei que vai, porque assim eu quero. E quero gritantemente não sentir mais nada disso.

Tenho textos melhores e mais legais arquivados, mas, às vezes, a necessidade da cabeça precisa de algo mais novo, direto e feroz.

A necessidade da cabeça... Não do coração.

Coração...

O que é isso?


... Eu não quero nem saber.



https://www.youtube.com/watch?v=s8QYxmpuyxg

"You were everything, everything that I wanted

We were meant to be, supposed to be, but we lost it
All of our memories, so close to me 
Just fade away
All this time you were pretending
So much for my happy ending"


My Happy Ending, Avril Lavigne

domingo, 14 de agosto de 2016

Amiga - Dyva - Bradshaw



Meu último post antes desse tinha como subtítulo a palavra inglesa “Honor”. Honor quer dizer “Honra”, e em italiano diz-se “Onora”. É uma das palavras que eu quero tatuar, mas em chinês. Quem me conhece sabe da minha paixão pela Mulan e por causa disso e da minha forte ligação com essa palavra, se eu tiver a honra de ter uma filha, o nome dela será Leonora (aquela que possui a honra de um leão).

Poucas pessoas que eu conheço sabem o real peso dessa palavra e uma delas se chama R. A. de Mendonça. Essa pessoa é umas das melhores e mais corajosas mulheres que eu já conheci. Ela é guerreira, ela batalha, ela mata um leão por dia. É boa filha, boa irmã, uma profissional maravilhosa e uma amiga excepcional.

Mais uma vez voltando ao post anterior, eu escrevi que para mim o sentimento “amor” tem muitos mais a ver com amizade do que com qualquer outra coisa. Eu tenho amigos e tenho meus protetores. Os meus amigos eu conto nos dedos das mãos, os meus protetores eu conto nos dedos de uma única mão e ainda sobra dedo (eles sabem quem são). Embora nos últimos dias eu tenha sofrido algumas baixas e precisado fazer algumas alterações, o lugar dela continua lá.

Quando eu sofri há uns 4 meses um problema pessoal, ela foi uma das únicas pessoas que me acompanhou aonde eu precisei ir, ela me ouviu durante a madrugada, ela enxugou as minhas lágrimas, mas não sem antes chorar comigo, ela me recebeu na sua casa dia após dia, muitas vezes mais de 22h só para me abraçar e me ouvir (falar ou chorar). Ela me aconselhou e por mais que doesse em mim, ela me fez ver a verdade, antes que a verdade me esmagasse.

Antes dessa última situação, ela me apoiou de diversas formas. Ela foi uma amiga, uma mãe, uma irmã, uma companheira. Ela foi aquilo que eu precisava que ela fosse. Não vou dizer que nunca discutimos, que nunca dissemos coisas uma a outra que machucassem, embora fossem verdade, mas soubemos, pelo bem da nossa amizade, superar tudo isso e quase nunca precisamos nos desculpas, porque, no fundo, sabemos que o amor, para ser amor de verdade, às vezes precisa doer um pouquinho.

Hoje, essa mensagem vai para ela, minha amiga, minha companheira, uma das pessoas que tem meu coração nas mãos e que pode me chamar a qualquer hora...

Amiga, não ligue. Amiga, não se abata. Amiga, não fique triste. Amiga, não se retraia.
Você é muito melhor do que tudo isso, você vale muito mais do que tudo isso. Você é uma pessoa mais do que especial, você é Raísa.

Ponto.

Amo você.

(E só para reforçar, para as duas pessoas que sabem quem são, não ousem machucar meus amigos, ou as consequências serão... severas.)

Amiga, eu sei o quanto algo assim pode doer, acredite, hoje eu estou passando por algo semelhante, só que muito mais antigo. Believe me, I feel your pain. E quando nos virmos, eu vou ouvir, vou chorar com você e vou enxugar suas lágrimas e te dar toda atenção e todo amor do mundo. As pessoas, infelizmente, parece que têm um chip e escolhem os piores momentos para nos machucar.

Amamos, sofremos, aguentamos, muitas vezes no silêncio mais barulhento do nosso coração. Porém, precisamos perceber que life goes on, meu amor. Você sabe que a gente sente as coisas de maneira diferente. Só para acalentar seu coração, você não é a única, isso dentro do nosso próprio grupo. Podemos amar muito alguém, amiga, nós temos essa capacidade de amar e amar muito, por muito tempo e mesmo ouvindo coisas que nos machucam e que nos fazem sofrer, ou presenciando acontecimentos que a gente sabe que ‘vai dar merda’, continuamos amando, alertando e vendo aonde vai dar. E, muitas vezes, nós, as que cuidamos e tentamos proteger, ainda ouvimos coisas que magoam, duvidam da nossa capacidade de fazer um julgamento justo. Essa semana eu ouvi tantas vezes a palavra “plausível” que ela se tornou uma coisa ruim para mim.

Amiga, precisamos por o pé no chão e por mais que o amor seja intenso e, acredite, eu realmente sei que é, temos que fazer o que é mais saudável para nós. Se existe uma das partes de uma relação, seja ela qual for (namoro, amizade, noivado, etc) que está dando sinais claros de que não se importa com você, meu amor, são lágrimas, corações partidos, dores infinitas, noites em claro, quilos a menos e, futuramente, pessoas melhores seremos. Com a diferença de que a consciência de que fizemos TUDO certo e nosso único erro foi amar demais e aceitar coisas pensando no outro que não deveríamos ter aceitado.

Hoje, eu li uma frase no Facebook que dizia mais ou menos assim: “Existem duas coisas para resolver os nossos conflitos: o tempo e o foda-se”. E, amiga, eu aprendi essa semana que enquanto o tempo não passa, a gente precisa ligar o foda-se, principalmente se a pessoa te fodeu primeiro.

O amor é uma via de mão dupla. Se você está dando e não está recebendo, é hora de rever, porque só ama de forma enraizada e forte aquele que recebeu o motivo. Eu posso hoje abrir a boca e dizer que todas as pessoas que me amam foram muito amadas, mas nem todas as que eu amei mereceram meu amor, e eu estou procurando um motivo plausível para continuar, pelo menos, convivendo com essas pessoas.

Eu amo você, eu te entendo, eu te aceito do jeito que você é. E você pode contar comigo sempre. Em qualquer situação ou circunstância.

Desculpe tê-la exposto.


Um beijo grande... Eu continuo aqui, por você.

sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Bridget Jones no more!

Honor

Depois de uma temporada curta de férias, eu estava pensando em escrever algo muito especial com o retorno das aulas da UFC na próxima terça (isso se o meu tempo permitisse, porque vai ficar trash), mas resolvi antecipar para poder não morrer entalada com um nó na garganta.

Quem me conhece sabe muito bem que eu tenho muita dificuldade de expressar meus sentimentos, sabe também que meu amor por meus amigos é incondicional e que só romperia com algum deles se eles mesmos quisessem ou se algo muito forte interferisse nos meus princípios.

Pois bem, nesses últimos dias ouvi de muitos, muitos mesmo, que eu deveria ligar o foda-se e parar de pensar nos outros, começar a olhar para mim, já que por querer cuidar e proteger eu acabei me machucando demais. Eu ouvi todos os conselhos, agradeço por todos, refleti sobre todos e cheguei a uma conclusão: mesmo sendo de alguém que a gente ame muito, não devemos aceitar coisas que interferem de forma negativa na vida da gente.

Eu acredito que quando a gente ama uma pessoa (e não estou restringindo isso a um amor só, se é que me entendem), a gente cuida, protege, acalenta, briga, xinga, compreende, abraça, perdoa, passa por cima, chora e sofre junto, e, finalmente, se resguarda, engole algumas coisas para não machucar, para proteger, para não ferir. Porém, às vezes, isso é um erro. Às vezes, deveríamos não nos importar tanto com a vida do outro, pois ele precisa crescer também, e maturidade é “sinônimo” de experiência, principalmente as negativas.

Eu sempre procurei proteger os meus amigos de tudo que fosse ruim para eles, sempre procurei estar presente em todos os momentos, alguns me segurei e não me permiti estar junto por tantos motivos que hoje eu me arrependo. Tudo poderia ser diferente. Eu tenho pessoas maravilhosas ao meu lado, o tempo todo, e todo mundo percebe, e muitos reclamam, que eu dou muito valor a elas, valor que muitas, segundo outras, nem merecem. Mas não sou eu quem impõe esse valor.  

Eu queria muito poder dizer que todas as minhas amizades (as preciosas) vão durar para sempre, mas eu sei que não vão. A gente sabe quando um pedacinho do coração da gente quebra e cai e vai-se embora sem nem deixar a gente tentar de novo. Também não podemos dizer que isso é irreversível. Afinal, “o que posso dizer do amor (que tive): que não seja imortal, posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure”.

Quantas coisas eu poderia ter hoje se tivesse tomado as decisões de forma diferente, quantas eu teria perdido e quantas me fariam ter paz? Nós somos responsáveis pelas nossas escolhas e não podemos interferir nas dos outros. Amigo, parente, colega, conhecido, pais, nem mesmo filhos, o que nos cabe é orientar e não manipular uma decisão. A partir do momento que aquela decisão te afetar de alguma forma, você poderá optar por não querer estar perto do que te fere.

Então?

Eu esperei muito tempo para olhar para frente, para tornar passado aquilo que um dia nem futuro teve (por razões diversas que nem vale mais a pena questionar); quando percebi, me vi presa a uma realidade onde eu nunca quis estar, mas fui obrigada a tal e, sem me dar conta da dimensão real dos acontecimentos, fui envolvida numa aura de intrigas e maldade que resolvi, hoje, colocar para fora e expulsar de uma vez por todas da minha vida.

Não posso lutar por quem não luta por mim; não posso existir por quem não existe por mim; não posso continuar engolindo e protegendo quem não me protege, quem não aceita perder nada para poder me ganhar, porque eu aceitei perder para poder ganhar, ganhar o mínimo, pacientemente, gratuitamente e com o mesmo amor, sem tirar nem pôr. Submeter-me a situações que não me deixam confortável não vale dinheiro algum, não vale nem um evento inteiro, que eu teria deixado para trás, se estivesse em posição de decidir, numa circunstância extrema.

Despi-me de sentimentos que eram tão lindos e tão verdadeiros para proteger... Ninguém nessa vida me deve nada, mas eu muito menos devo a alguém. Essa semana foi bem difícil. Perdi algumas pessoas e reencontrei outras. Meus alunos foram fundamentais nesse processo de cura, ouvi-los cantar ontem foi um sopro de amor no meu coração refrigerado. Todos os abraços, as palavras de carinho, as demonstrações de afeto foram essenciais, ainda são (meus preciosos coringas).

Aos meus amigos, aqueles que verdadeiramente amo, nunca contaria coisas que os machucassem sem haver necessidade. Nunca deixaria de lutar por eles, embora alguns tenham deixado, e eu agradeço a Deus ter todos em minha vida. Meu coração pesa de cansaço, dor, tristeza e ressentimento e não será aliviado facilmente. Eu realmente sinto muito por me sentir assim, mas não posso esconder que é assim que me sinto, já escondi coisas demais.

Eu sempre acreditei que o amor da minha vida, a minha alma gêmea seria um amigo, alguém em quem eu confiasse cegamente, alguém que também me decepcionaria, lógico, alguém com sangue nas veias e calor no coração. O amor sempre foi uma palavra que coube para mim mais aos meus amigos do que a qualquer outra categoria. Hoje, vejo essa visão ser modificada pelos fatos incontestáveis que se apresentaram a mim. Nessas condições, me vejo obrigada a mudar de posição e a me proteger, inclusive daqueles a quem tanto protegi e cuidei.

Eu, nascida no dia 15 de março, registrada como pisciana, sempre afirmei que meu signo, se existisse, era Escorpião e meu ascendente seria em Virgem. Isso tudo porque eu sou muito prática nas minhas relações. Por outras situações anteriormente vividas, eu me fechei para muitas oportunidades, por medo de me machucar. Aceitei muitas funções por me satisfazer estar perto, fui irracional, muitas vezes, emocional e verdadeiramente me escondi debaixo de uma capa que tornou invisível para todos, exceto para mim mesma, a razão de tudo isso. Fui pisciana... Uma vez na vida.

Há muito tempo eu descobri (antes de assistir a The Vampire Diaries, que fique bem claro, e talvez por isso me identifique tanto com o Damon) que posso desligar as emoções, que isso me faria ficar em paz, porque não se importar quer dizer não se ferir mais. E então, passei a ver graça nos vilões, passei a entender suas razões e a aceitar suas atitudes. (Bridget Jones no more!) Eu nunca fecho uma porta sem antes tentar. Quando eu confio, eu nunca me fecho sem saber no que vai dar, eu nunca diria “não” logo de cara para oportunidades que eu mesma não vi por estar ocupada com coisas que não valiam a pena, muito menos deixaria um “amor” que, da boca para fora, é tão importante bater a porta, entrar no trem e partir.

Decepção, todo mundo sente, é normal. Expectativa é algo inerente do ser humano, ninguém nunca morreu por tê-las quebradas. Agora... Ver-se dentro de um conflito onde você não queria estar e ainda assim, ver-se sozinha? Aí é demais. Falar muita gente fala, todo mundo é e faz o que quer da boca para fora. Fazer, se impor e se firmar não é algo para muitos. De repente a minha fraqueza foi o que me tornou forte, porque deixou de ser fraqueza quando eu deixei de me importar e passei a não me submeter a determinados cargos fictícios no coração das pessoas. Função decorativa não serve para mim.

E que fique bem claro neste post que, não é por deixar de amar o outro, mas por se amar mais que o outro, coisa que eu deveria ter feito desde o início. Se eu fosse a escrota que eu sou com algumas pessoas que eu costumo poupar, essa visão paternalista (e desrespeitosa) nunca teria sido imposta a mim. Jamais eu impus meus pensamentos, jamais eu manipulei suas decisões, talvez se eu tivesse feito isso tudo seria mais legal, não é verdade? Mas amor nenhum destrói meus princípios e eu posso, hoje, bater no peito com a força e a convicção de quem te perdeu por te proteger e por ser honesta e leal demais a você. Perdi... Aceito e me recolho, finalmente, e em paz. Fiz tudo o que era certo, isso ninguém vai me tirar.

Hoje, olho para frente, para um futuro inacabado e nunca realizado e não me sinto devedora de nada. Cada um faz as escolhas que convém, que QUEREM fazer, não se obriga ninguém a nada. Um grande amigo me disse, recentemente, que nada é permanente e que podemos mudar a visão dos outros sobre nós se quisermos. Eu pensei muito e refleti sobre isso, e percebi que, mesmo que sejamos capazes de fazer isso, mudar a forma como as pessoas nos veem, não precisamos disso. As pessoas devem ver com o coração, sem amarras, sem filtros, sem cortes; eu não vou recortar ninguém através dos meus olhos e impor esse único ângulo para obter o que um dia eu quis. Não vou mudar o meu comportamento e tornar-me ridícula aos meus próprios olhos para que os outros me vejam diferente, porque eu não sou assim. Fica comigo quem quiser ficar, permanece ao meu lado quem quiser permanecer. O que os olhos dos outros veem sou eu, sem máscaras e dissimulações. Se ainda assim não é suficiente, não sou eu que vou fazer ninguém enxergar.

Por isso, finquei meus pés no chão, enrijeci meu coração e optei por desligar de vez as emoções. E o motivo plausível é: se você não é capaz de lutar por mim, não sou (mais) eu que vai lutar por você. De novo...



O amor (verdadeiro) não tira férias, ele pede demissão.