sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Bridget Jones no more!

Honor

Depois de uma temporada curta de férias, eu estava pensando em escrever algo muito especial com o retorno das aulas da UFC na próxima terça (isso se o meu tempo permitisse, porque vai ficar trash), mas resolvi antecipar para poder não morrer entalada com um nó na garganta.

Quem me conhece sabe muito bem que eu tenho muita dificuldade de expressar meus sentimentos, sabe também que meu amor por meus amigos é incondicional e que só romperia com algum deles se eles mesmos quisessem ou se algo muito forte interferisse nos meus princípios.

Pois bem, nesses últimos dias ouvi de muitos, muitos mesmo, que eu deveria ligar o foda-se e parar de pensar nos outros, começar a olhar para mim, já que por querer cuidar e proteger eu acabei me machucando demais. Eu ouvi todos os conselhos, agradeço por todos, refleti sobre todos e cheguei a uma conclusão: mesmo sendo de alguém que a gente ame muito, não devemos aceitar coisas que interferem de forma negativa na vida da gente.

Eu acredito que quando a gente ama uma pessoa (e não estou restringindo isso a um amor só, se é que me entendem), a gente cuida, protege, acalenta, briga, xinga, compreende, abraça, perdoa, passa por cima, chora e sofre junto, e, finalmente, se resguarda, engole algumas coisas para não machucar, para proteger, para não ferir. Porém, às vezes, isso é um erro. Às vezes, deveríamos não nos importar tanto com a vida do outro, pois ele precisa crescer também, e maturidade é “sinônimo” de experiência, principalmente as negativas.

Eu sempre procurei proteger os meus amigos de tudo que fosse ruim para eles, sempre procurei estar presente em todos os momentos, alguns me segurei e não me permiti estar junto por tantos motivos que hoje eu me arrependo. Tudo poderia ser diferente. Eu tenho pessoas maravilhosas ao meu lado, o tempo todo, e todo mundo percebe, e muitos reclamam, que eu dou muito valor a elas, valor que muitas, segundo outras, nem merecem. Mas não sou eu quem impõe esse valor.  

Eu queria muito poder dizer que todas as minhas amizades (as preciosas) vão durar para sempre, mas eu sei que não vão. A gente sabe quando um pedacinho do coração da gente quebra e cai e vai-se embora sem nem deixar a gente tentar de novo. Também não podemos dizer que isso é irreversível. Afinal, “o que posso dizer do amor (que tive): que não seja imortal, posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure”.

Quantas coisas eu poderia ter hoje se tivesse tomado as decisões de forma diferente, quantas eu teria perdido e quantas me fariam ter paz? Nós somos responsáveis pelas nossas escolhas e não podemos interferir nas dos outros. Amigo, parente, colega, conhecido, pais, nem mesmo filhos, o que nos cabe é orientar e não manipular uma decisão. A partir do momento que aquela decisão te afetar de alguma forma, você poderá optar por não querer estar perto do que te fere.

Então?

Eu esperei muito tempo para olhar para frente, para tornar passado aquilo que um dia nem futuro teve (por razões diversas que nem vale mais a pena questionar); quando percebi, me vi presa a uma realidade onde eu nunca quis estar, mas fui obrigada a tal e, sem me dar conta da dimensão real dos acontecimentos, fui envolvida numa aura de intrigas e maldade que resolvi, hoje, colocar para fora e expulsar de uma vez por todas da minha vida.

Não posso lutar por quem não luta por mim; não posso existir por quem não existe por mim; não posso continuar engolindo e protegendo quem não me protege, quem não aceita perder nada para poder me ganhar, porque eu aceitei perder para poder ganhar, ganhar o mínimo, pacientemente, gratuitamente e com o mesmo amor, sem tirar nem pôr. Submeter-me a situações que não me deixam confortável não vale dinheiro algum, não vale nem um evento inteiro, que eu teria deixado para trás, se estivesse em posição de decidir, numa circunstância extrema.

Despi-me de sentimentos que eram tão lindos e tão verdadeiros para proteger... Ninguém nessa vida me deve nada, mas eu muito menos devo a alguém. Essa semana foi bem difícil. Perdi algumas pessoas e reencontrei outras. Meus alunos foram fundamentais nesse processo de cura, ouvi-los cantar ontem foi um sopro de amor no meu coração refrigerado. Todos os abraços, as palavras de carinho, as demonstrações de afeto foram essenciais, ainda são (meus preciosos coringas).

Aos meus amigos, aqueles que verdadeiramente amo, nunca contaria coisas que os machucassem sem haver necessidade. Nunca deixaria de lutar por eles, embora alguns tenham deixado, e eu agradeço a Deus ter todos em minha vida. Meu coração pesa de cansaço, dor, tristeza e ressentimento e não será aliviado facilmente. Eu realmente sinto muito por me sentir assim, mas não posso esconder que é assim que me sinto, já escondi coisas demais.

Eu sempre acreditei que o amor da minha vida, a minha alma gêmea seria um amigo, alguém em quem eu confiasse cegamente, alguém que também me decepcionaria, lógico, alguém com sangue nas veias e calor no coração. O amor sempre foi uma palavra que coube para mim mais aos meus amigos do que a qualquer outra categoria. Hoje, vejo essa visão ser modificada pelos fatos incontestáveis que se apresentaram a mim. Nessas condições, me vejo obrigada a mudar de posição e a me proteger, inclusive daqueles a quem tanto protegi e cuidei.

Eu, nascida no dia 15 de março, registrada como pisciana, sempre afirmei que meu signo, se existisse, era Escorpião e meu ascendente seria em Virgem. Isso tudo porque eu sou muito prática nas minhas relações. Por outras situações anteriormente vividas, eu me fechei para muitas oportunidades, por medo de me machucar. Aceitei muitas funções por me satisfazer estar perto, fui irracional, muitas vezes, emocional e verdadeiramente me escondi debaixo de uma capa que tornou invisível para todos, exceto para mim mesma, a razão de tudo isso. Fui pisciana... Uma vez na vida.

Há muito tempo eu descobri (antes de assistir a The Vampire Diaries, que fique bem claro, e talvez por isso me identifique tanto com o Damon) que posso desligar as emoções, que isso me faria ficar em paz, porque não se importar quer dizer não se ferir mais. E então, passei a ver graça nos vilões, passei a entender suas razões e a aceitar suas atitudes. (Bridget Jones no more!) Eu nunca fecho uma porta sem antes tentar. Quando eu confio, eu nunca me fecho sem saber no que vai dar, eu nunca diria “não” logo de cara para oportunidades que eu mesma não vi por estar ocupada com coisas que não valiam a pena, muito menos deixaria um “amor” que, da boca para fora, é tão importante bater a porta, entrar no trem e partir.

Decepção, todo mundo sente, é normal. Expectativa é algo inerente do ser humano, ninguém nunca morreu por tê-las quebradas. Agora... Ver-se dentro de um conflito onde você não queria estar e ainda assim, ver-se sozinha? Aí é demais. Falar muita gente fala, todo mundo é e faz o que quer da boca para fora. Fazer, se impor e se firmar não é algo para muitos. De repente a minha fraqueza foi o que me tornou forte, porque deixou de ser fraqueza quando eu deixei de me importar e passei a não me submeter a determinados cargos fictícios no coração das pessoas. Função decorativa não serve para mim.

E que fique bem claro neste post que, não é por deixar de amar o outro, mas por se amar mais que o outro, coisa que eu deveria ter feito desde o início. Se eu fosse a escrota que eu sou com algumas pessoas que eu costumo poupar, essa visão paternalista (e desrespeitosa) nunca teria sido imposta a mim. Jamais eu impus meus pensamentos, jamais eu manipulei suas decisões, talvez se eu tivesse feito isso tudo seria mais legal, não é verdade? Mas amor nenhum destrói meus princípios e eu posso, hoje, bater no peito com a força e a convicção de quem te perdeu por te proteger e por ser honesta e leal demais a você. Perdi... Aceito e me recolho, finalmente, e em paz. Fiz tudo o que era certo, isso ninguém vai me tirar.

Hoje, olho para frente, para um futuro inacabado e nunca realizado e não me sinto devedora de nada. Cada um faz as escolhas que convém, que QUEREM fazer, não se obriga ninguém a nada. Um grande amigo me disse, recentemente, que nada é permanente e que podemos mudar a visão dos outros sobre nós se quisermos. Eu pensei muito e refleti sobre isso, e percebi que, mesmo que sejamos capazes de fazer isso, mudar a forma como as pessoas nos veem, não precisamos disso. As pessoas devem ver com o coração, sem amarras, sem filtros, sem cortes; eu não vou recortar ninguém através dos meus olhos e impor esse único ângulo para obter o que um dia eu quis. Não vou mudar o meu comportamento e tornar-me ridícula aos meus próprios olhos para que os outros me vejam diferente, porque eu não sou assim. Fica comigo quem quiser ficar, permanece ao meu lado quem quiser permanecer. O que os olhos dos outros veem sou eu, sem máscaras e dissimulações. Se ainda assim não é suficiente, não sou eu que vou fazer ninguém enxergar.

Por isso, finquei meus pés no chão, enrijeci meu coração e optei por desligar de vez as emoções. E o motivo plausível é: se você não é capaz de lutar por mim, não sou (mais) eu que vai lutar por você. De novo...



O amor (verdadeiro) não tira férias, ele pede demissão. 

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